Pelo menos 81 pessoas que vivem com HIV/Sida abandonaram o tratamento antirretroviral (TARV) na sequência das acções do município de Maputo que culminaram com a expulsão de vendedores informais de algumas artérias da Cidade de Maputo. Trata-se de pessoas que vivem com HIV/Sida e que tinham o negócio informal como sua única base de sustento. Com as acções dos municípios, os vendedores portadores de HIV/SIDA viram-se sem condições para adquirir produtos alimentares, o que por sua vez os obrigou a abandonar tratamento.
“Estes medicamentos são muito fortes e ingeridos, com estômago vazio, criam perturbação e algumas pessoas passam mal”, lamentou o presidente da Associação Moçambicana de Activistas Polivalentes de Saúde (AMOVAPSA), Ezequiel Simango.
Simango defende que o município de Maputo tomou essa decisão sem avaliar os riscos. Ele disse ainda que a adesão aos serviços para ter acesso aos antirretrovirais reduziu. “De Março até este mês tivemos apenas 500 pessoas a ser acompanhadas pela associação. Este número é muito reduzido comparativamente com os outros anos”, disse o presidente, sem especificar a situação dos outros anos. Estes medicamentos são muito fortes e ingeridos com estômago vazio criam perturbação e algumas pessoas passam mal.” “O que acontece agora é que se tem assistido uma resistência viral, em alguns casos, e consequentemente a sua recaída.”
“Há riscos que não foram avaliados. Por exemplo, a atitude do município tem estado a prejudicar parte dos vendedores informais que vivem com a HIV/Sida. Estes, por não terem mais como ter sustento para si, desistem de tomar os medicamentos”, lamentou. Estas pessoas estão sendo assistidas pela AMOVAPSA e são residentes nos bairros do Zimpeto, Ferroviário, Xipamanine, Mafala, Costa do Sol e Albazine.
Ezequiel trabalha na AMOVAPSA, organização fundada há dois anos, que lida com pessoas vivendo com doenças como o HIV/Sida e a Tuberculose. O Misau considera abanando do TARV o caso de 59 ou mais dias sem que o doente se apresente para receber a medicação.
No âmbito da vigência do estado de emergência os municípios no país têm estado a retirar os vendedores informais nos passeios e outras artérias de Moçambique.
O município anunciou dispor de quatro mil bancas e barracas para acolher os vendedores informais que exercem actividade em locais impróprios, mas parte dos vendedores ainda não foram beneficiados pelos novos espaços, ficando assim sem renda.
Desde o anúncio do primeiro caso de Covid-19 no país, a 22 de Março, que decretou nos últimos quatro meses o estado de emergência, Moçambique registou mais de 2.481 casos positivos da doença, 19 mortos e 910 pessoas dadas como recuperadas, segundo as últimas atualizações do Ministério da Saúde.