Na cidade da Beira, capital provincial de Sofala, os portadores de HIV/Sida são diariamente obrigados a percorrer longas distâncias para ter acesso aos medicamentos e ao acompanhamento médico na unidade sanitária.

Este factor, associado às elevadas taxas de transporte público, constitui uma barreira para o acesso à assistência médica.

A constatação é de Castaneja Arina Tomo, activista da Associação Anandjira, há pelo menos dois anos.

Tomo – que divide os seus dias entre a unidade sanitária e a sua casa – já assistiu a muita coisa nos corredores dos hospitais, incluindo as desistências dos pacientes.

“Os doentes têm de percorrer longas distâncias para chegar às unidades sanitárias. Os custos de transporte constituem outra barreira, que constatamos durante as nossas actividades”, conta.

Por outro lado, ela acrescenta que “os pacientes têm enfrentado o longo tempo de espera nas unidades sanitárias.”

Para motivar os pacientes a dar continuidade ao tratamento e, como forma de contribuir para o bem-estar dos mesmos, Anandjira tem realizado palestras nas comunidades.

“É uma paixão enorme aconselhar as pessoas para que tomem melhor decisão sobre o seu estado de saúde. Temos notado uma adesão ao tratamento antirretroviral”, afirma o activista, sublinhando que “isto é bastante gratificante para mim.”

Tomo referiu ainda que o seu objectivo principal é acompanhar os doentes no tratamento anti-retroviral, com vista a garantir que sejam continuamente assistidos nas unidades sanitárias.

“Estas actividades diminuem os abandonos ao tratamento”, explicou.

Outro problema que entristece a activista está ligado ao “défice de equipamentos e sistemas para assistir com qualidade os pacientes seropositivos.”  

“Queremos um sistema de saúde mais humanizado”

Percorrendo os corredores das unidades sanitárias da Beira, Tomo já assistiu a muitos actos desumanos, perpetrados pelos provedores de saúde.

Para evitar que os provedores continuem a maltratar os pacientes, a activista tem implementado acções de capacitação para que haja mudança de comportamento.

 “Os membros da Anandjira têm apoiado na implementação e na formação de provedores de saúde em questões de prevenção positiva”, disse.

Tomo sublinha ainda que a sua organização tem apoiado os provedores de saúde na oferta das componentes de prevenção positiva, nomeadamente, no comportamento sexual, revelação do estado de saúde ao parceiro, adesão ao tratamento anti-retroviral e planeamento familiar.

“Por causa da Covid-19, estas formações não têm estado a acontecer, infelizmente. É por isso que acabamos ficando distantes dos jovens, que são também o nosso grupo alvo nas unidades sanitárias e nas comunidades”, explicou a activista.  

Escassez de pessoal no Sistema Nacional de Saúde (SNS) persiste

Durante os dois anos em que se dedica ao activismo, Tomo afirma que a escassez de pessoal no sector de saúde tem sido uma das maiores barreiras que persiste.

“Temos constatado que o SNS continua a enfrentar a escassez de pessoal capacitado, assim como a falta de espaços para a expansão de serviços de saúde.”

Para Tomo, a relação com os funcionários das unidades sanitárias, a princípio, era difícil mas com o tempo, ao longo destes dois anos trabalhando na associação de Anandjira, foi melhorando.

 “Hoje, os profissionais de saúde procuram a nossa ajuda na comunicação com os pacientes, pois acreditam que fazemos um bom trabalho de ligação entre a comunidade e as unidades sanitárias. É muito bom que não nos vejam como seus inimigos”, conclui activista.

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