O Observatório Cidadão para Saúde (OCS), juntamente com cerca de 30 activistas sociais participaram na oficina de trabalho organizada pelo Hivos People Unlimited, que visava essencialmente a discussão da Estratégia de Saúde Sexual e Reprodutiva da SADC 2019-2030, que decorreu entre os dias 30 de Outubro e 01 de Novembro 2019, e contou com a presença de representantes da Sociedade Civil filiadas a Plataforma da Sociedade Civil para Saúde de Moçambique, (PLASOC-M).

Dentre muitos pontos importantes, um dos referenciados foi o nível de infecções por HIV à nível da região, afectando maioritariamente homens e mulheres em idade reprodutiva, sendo que muitas novas infecções por HIV ocorrem em pessoas de idade entre os 15 e 24 anos, especialmente em mulheres jovens. Tendo maior probabilidade de serem infectadas pelo HIV do que os homens na mesma faixa etária devido a uma combinação de factores tais como a desigualdades de género, violência sexual e física, falta de informação, baixo nível de escolaridade e baixo acesso ao emprego. Estes factores dificultam e inibem o acesso aos cuidados de saúde e à educação sexual holística, entre outros.

Assim sendo, no que concerne ao atendimento à demanda dos serviços públicos, ficou claro que a atenção integral à saúde dos adolescentes e jovens requer a participação de profissionais de diversas áreas, que devem interagir por meio de um enfoque interdisciplinar, onde o atendimento por equipe deve concentra-se no problema, evitando visões fragmentadas. Não obstante as diferenças regionais, a procura pelo planeamento familiar continua a aumentar, mas em contrapartida muitas mulheres e famílias continuam a ter mais filhos do que os que desejavam, e isso têm impacto negativo nos encargos financeiros do sector público não só a nível de saúde, mas também de água, saneamento e serviços sociais.

Para a mitigação dos desafios emergentes, há uma necessidade de promover discussões conjuntas, onde as conclusões possam ser compartilhadas e as decisões tomadas dentro das diferentes perspectivas, com vista a obter resultados e propostas terapêuticas mais eficazes, podendo-se prestar mais atenção de acordo com o grau de complexidade, classificando-os em: primário, secundário e terciário. Esta hierarquização é importante para o funcionamento de uma rede de serviços que utiliza um sistema de referência e contra referência, onde para melhor a efetividade, o cliente deve transitar entre os níveis de atenção sem perder a continuidade de seu atendimento, o que é garantido por meio da integração entre os três níveis, num contexto em que a rede de serviços de saúde deve estar organizada em níveis de complexidade crescente e em uma coordenação adequada.

O outro aspecto mencionado, refere-se à Cobertura Universal da Saúde, que inclui toda a gama de serviços de saúde essenciais e de qualidade, desde a promoção da saúde até à prevenção, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos. O que permite com que todas as pessoas tenham acesso aos serviços que tratam das causas de doenças e mortes mais significativas, garantindo que a qualidade desses serviços é suficientemente boa para melhorar a saúde das pessoas que os recebem. Finalmente, foi de consenso que a melhoria da cobertura dos serviços de saúde e dos resultados depende da disponibilidade, acesso e capacidade dos profissionais de saúde em prestarem cuidados integrados de qualidade e centrados nos utentes. Os investimentos em cuidados de saúde primários de qualidade são a base para se atingir a Cobertura Universal de Saúde em todo o mundo, ou seja, investir na força de trabalho dos cuidados de saúde primários são a forma mais eficaz de garantir a melhoria do acesso a cuidados essenciais de saúde.