Antes mesmo de pensar em ser enfermeira, para lidar diariamente com desafios diversos, Domingas Jacinto, já andava com certeza de que os seus dias seriam dedicados a quem procura ajuda.

Passados dezassete anos, exercendo a profissão de enfermeira, na província de Inhambane, sul de Moçambique, Domingas Jacinto sublinha que a sua carreira se tem centrado em “cuidar com amor de toda pessoa que aparecesse ao centro de saúde.”

“Entrei nesta profissão sem saber como é que a mesma funcionava. Mas porque tinha um amor imenso por ela, a partir daquilo que via quando era mais nova, soube encaixar-me”, conta Domingas, sublinhando que quando petiza se deixava fascinar com enfermeiros quando estes cuidavam doutras pessoas.

Com o tempo, a enfermeira foi-se apegando à profissão e, gradualmente, passou a sentir-se à vontade com os doentes e “actualmente sinto-me sempre feliz. É para isso que me formei.”

Para Domingas, o enfermeiro sempre esteve presente e deve continuar presente na vida dos doentes e dedicar-se arduamente ao bem-estar das pessoas.

“O enfermeiro é uma entidade solicitada por aqueles que procuram ajuda para melhorar a sua condição de saúde. O enfermeiro, neste caso, faz o seu trabalho com amor e dedicação, pensando somente na saúde dos pacientes.”

Domingas, entretanto, difere-se doutros enfermeiros, dado que além zelar por doentes no geral, dedica-se igualmente aos serviços de parto, ajudando as mães a dar à luz.

“Agora, como parteira, tenho estado a cuidar das crianças e das mães, quando dão entrada aos serviços de parto. Faço isto com muito amor”, referiu.

Neste percurso, uma das maiores preocupações da enfermeira Domingas reside na erradicação da mortalidade infantil, não apenas na província de Inhambane, mas em todo o país.

“Esta é a preocupação de muitas enfermeiras que trabalham no meu sector. Queremos ver a mortalidade infantil minimizada, assim como queremos que os profissionais de saúde trabalhem em condições mais humanizadas”, argumentou a enfeirara.  

“Há mães que chegam aqui num estado já complicado”

Domingas preocupa-se imenso com o estado que tem caracterizado as parturientes que dão entrada ao centro de Saúde de Maxixe, afirmando qua há necessidade se de disseminar informação para que as mesmas estejam mais consciencializadas sobre os cuidados que se deve ter para com a gravidez.

“Muitas mães percorrem longas distâncias para ter acesso ao centro de saúde e chegam aqui já num estado complicado”, disse, acrescentando que “pacientes de vários pontos de Inhambane têm o Centro de Saúde de Maxixe como referência. Por isso, percorrem essas distâncias longas.”

Muitas destas mulheres, de acordo com a enfermeira, fazem-se ao centro de saúde num estado complicado que, aos poucos, agrava-se, principalmente quando o serviço de parto dá início em casa.

Segundo o Anuário Estatístico, publicado pelo Instituto Nacional Estatística (INE), a distância média que os habitantes percorrem para ter acesso aos cuidados de saúde saiu de 12,4 km em 2015 para 12,3 km, em 2019.

Este facto, para o Observatório Cidadão para Saúde (OCS),  mostra que se deve envidar esforços para a construção de mais unidades hospitalares no país, de modo que se garanta a proximidade dos serviços de saúde à população.

“A construção de casas de espera para mulheres grávidas foi o facto mais marcante na minha carreira”

Durante o seu percurso como parteira, Domingas afirma que se emocionara em demasia aquando da criação da Casa-de-Espera para Mulheres Grávidas nos centros de saúde em Inhambane. A casa em alusão hospeda mulheres com gravidezes em risco, assim como hospeda mulheres com dificuldades no acesso aos serviços de saúde.

“Este facto veio mudar muito o nosso sistema de trabalho e melhorou a situação das mulheres grávidas em Moçambique. Isto constituiu uma mais valia para todo o sistema nacional de saúde, principalmente por as casas estarem próximas às unidades sanitárias”, argumenta a profissional. 

A Casa-de-Espera para Mulheres Grávidas é um instrumento que visa melhorar a saúde da mulher e da criança, encorajando os profissionais de saúde a promoverem actividades de gestão, assistência e envolvimento comunitário na área de saúde materno-infantil.

“A qualidade de ensino mudou muito e isso preocupa-nos”

Neste últimos tempos, a sua maior preocupação tem que ver com a fraca qualidade de ensino nas instituições que lecionam enfermagem.

“Não sei como, mas temos tido fraca qualidade de ensino, o que pode prejudicar o sistema nacional de saúde”, disse, sublinhando que “é importante que se fiscalize as instituições que vão surgindo   .” No país.”

Com a melhoria da qualidade no ensino “ teremos a segurança que os pacientes procuram para o seu bem-estar.”

Domingas, para a melhoria do Sistema nacional de Saúde no seu todo, propõe igualmente a necessidade de se promover os bons hábitos entres os profissionais da saúde, partindo-se da formação, mas também tendo-se em conta a melhoria da remuneração da classe.

“Quando recebo os enfermeiros recém-formados, procuro sempre ajudá-los para que melhor possam servir os pacientes. Esta é a única contribuição que posso dar aos profissionais que chegam aqui inexperientes”, referiu.

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