Os serviços de saúde, em algumas unidades sanitárias da cidade de Maputo, encontram-se a funcionar a meio gás, por conta da paralisação das actividades dos transportadores públicos, em resposta à recente subida do preço de combustíveis, que tornou o negócio insustentável.
A não circulação de transporte público, pela manhã desta segunda-feira (04 de Julho), estende-se par toda zona metropolitana de Grande Maputo.
Segundo constatou o Observatório Cidadão para Saúde (OCS), os colaboradores dos hospitais – dependentes do transporte semi-colectivo – não conseguiram se fazer ao local de trabalho. A ausência destes profissionais afecta directamente o funcionamento normal das unidades sanitárias.

Concretamente no Centro de Saúde do Alto-Maé, até às 11 horas desta segunda-feira, quase a metade dos funcionários não tinha conseguido chegar ao trabalho e, por conta disso, o atendimento ao utente em alguns serviços esteve lento.
De acordo com uma enfermeira, falando à nossa equipa em anonimato, o Centro de Saúde do Alto-Maé já teve uma viatura responsável pelo transporte dos trabalhadores. Mas, por conta de problemas mecânicos, a mesma parou de funcionar.
“Quase metade dos colegas ainda não chegou. Os que ainda se fazem ao serviço arriscaram em vir a pé. Tínhamos uma viatura que transportava os colaboradores, mas já não existe”, disse a fonte.
Sobre como será acautelada a questão das faltas, a nossa fonte aventou a possibilidade de se ponderar a sua marcação, dado que a paralisação de transporte não fora inesperada para todos os colaboradores.
“A situação não é esperada por ninguém e não depende da vontade ou não dos próprios trabalhadores”, sublinhou a enfermeira.
O mesmo cenário repete-se nos Centros de Saúde do Chamanculo e de Mavalane, em que funcionários e pacientes, foram prejudicados pela não circulação de transporte. Assim sendo, algumas consultas que estavam previstas para esta segunda-feira foram remarcadas.
O vice-bastonário da Ordem dos Enfermeiros de Moçambique (OEM), Grácio Guambe, afirma que a greve dos transportes tem um impacto directo sobre os funcionários e utentes das unidades sanitárias dependentes do chapa para a deslocações longínquas.
“É obvio que todos os serviços e sectores registaram algum atraso no início das actividades, principalmente nas situação das actividades em que os colaboradores dependem do transporte para se fazer ao local de trabalho”, frisou Guambe, mostrando-se preocupado com a possibilidade de os colaboradores, que não se fizeram ao trabalho, apanharem falta.
No entanto, aproveitou o ensejo para encorajar as instituições a disponibilizarem transporte para os colaboradores, como forma de evitar este tipo de situação.
“Outro aspecto é que mesmo quem chegou ao serviço, atrasado como não, sente-se desgastado físico e psicologicamente. Às vezes, as pessoas tem que lutar para conseguir transporte e acabam assim, viajando em situações não seguras e desconfortáveis”, salientou.
Guambe afirmou ainda que o utente teve a sua pontualidade condicionada, perdendo, deste modo, sua consulta, o que remete à remarcação da mesma. Para o vice-bastonário, esta situação constitui um outro transtorno, pois o paciente é obrigado a fazer uma outra viagem para efectuação da consulta adiada pelo transporte.
“O utente é também, nesta situação, severamente afectado por estes pelos factores. Ele pode até chegar a tempo no local e encontrar que o provedor ainda não chegou, ou acontecer uma situação inversa. Isto cria uma desorganização. O transporte público é uma necessidade básica sem dúvida”, sublinhou.
A mais recente subida de combustíveis, em cerca de 20 porcento, foi anunciada, sexta-feira última, pela Autoridade Nacional Reguladora de Energia (ERENE).
A subida mais acentuada é para o gás de cozinha GPL. O preço de um quilo de gás sobe de 85,53 meticais (1,34 dólares americanos à taxa de câmbio actual) para 102,02 meticais. Este é um aumento de 19,28 por cento. O preço de um litro de gasóleo sobe 11,4 por cento de 78,97 para 87,97 meticais. Para a gasolina o aumento é de apenas 4,4 por cento, de 83,3 para 86,97 meticais por litro. Esta é a primeira vez que o gasóleo se tornou mais caro do que a gasolina nas estações de serviço moçambicanas.
O preço de um litro de querosene sobe de 71,48 para 75,58 meticais, o que representa um aumento de 5,74 por cento.