O difícil acesso a medicamentos para pessoas com deficiência em Moçambique está directamente ligado à  pobreza extrema das famílias, num contexto em que mulheres, crianças e idosos são os mais vulneráveis.

OS dados constam da pesquisa sobre o Acesso a Medicamentos para Pessoas com Deficiência, apresentado pelo Observatório  Cidadão para Saúde (OCS) no âmbito da I  Conferência Nacional Sobre Saúde, que teve lugar em Julho último em Maputo.

“No geral, o grupo mais vulnerável são mulheres, crianças e idosos com deficiências”, afirma o estudo, adiantando que “menos que a metade das pessoas com deficiências, no universo do estudo, apenas têm acesso a iboprofem e paracetamol, que se encontram disponíveis no sector público.”

De acordo com a pesquisa, que esteve centrada em alguns bairros da Província e Cidade de Maputo,  parte significativa das pessoas com deficiência é jovem, com idades compreendidas entre 18 e 35 anos, representando 8,1% do universo, com destaque para mulheres, tal como ilusta a tabela abaixo:

A pesquisa aponta que, no universo dos inquiridos, somente 66.7% de pessoas com deficiência tem acesso a medicamentos, num contexto em que se precisa frequentemente de uma série de fármacos de uso contínuo para o alívio de  efeitos resultantes da condição diferenciada do funcionamento orgânico do corpo.

Estes dados tem que ver igualmente com a empregabilidade das pessoas, algumas não têm acesso a medicamentos porque não possuem condições para adquiri-los. Ou seja,  o sector informal representa a maior força de trabalho, sendo que 66.89% pessoas do sexo feminino gastam no máximo 1.500,00 meticais para aquisição de medicamentos por mês e apenas 56 pessoas do sexo masculino gastam o mesmo valor e trabalham neste sector (informal).

“Este facto evidencia um alto grau de pobreza, exclusão e propicia a ocorrência massiva de despesas catastróficas e empobrecedoras. Estes dados atribuem um carácter opressor ao Sistema Nacional de Saúde. A maior parte das pessoas com deficiências, do sexo feminino, encontram-se a trabalhar no sector informal e mesmo para as pessoas que estão no sector formal, o facto de terem acesso a uma ocupação não significa, necessariamente, dispor de melhores condições de vida suficientemente capaz para responder as suas demandas na compra de medicamentos, até porque 35 pessoas do sexo feminino, no sector informal, gastam pelo menos 6.000,00 meticais por mês nas farmácias privadas com medicamentos”, lê na pesquisa.

 De forma geral, as famílias que gastam mais com medicamentos trabalham no sector informal (um sector caracterizado por incertezas de rendimento). O universo feminino, embora encora a mais gastos com medicamentos, está mais representado no sector de trabalho formal comparativamente ao masculino.

Em termos globais, aproximadamente a 63% de pessoas com deficiência gastam no máximo 1.000,00 meticais para aquisição de medicamentos nas farmácias privadas, o que demonstra pouco poder de compra devido aos seus baixos rendimentos mensais, principalmente no sector informal, com mais destaque para as mulheres.

Leia a pesquisa na íntegra: https://www.observatoriodesaude.org/download/custos-economicos-e-sociais-na-aquisicao-de-medicamentos-para-as-pessoas-com-deficiencia-em-mocambique-pedro-nhanengue/

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