Membros  de diversas Organizações da Sociedade Civil e profissionais de diferentes especialidades no sector de saúde defendem a necessidade urgente de se instalar reservatórios de água para melhor funcionamento das unidades sanitárias em benefício dos utentes, doentes e diversos agentes da saúde em Moçambique.



O posicionamento foi manifestado, quinta-feira passada, em Maputo, durante a cerimónia de lançamento do Relatório sobre a Disponibilidade de Água e Infra-estruturas nas Unidades Sanitárias, organizada pelo Observatório Cidadão para Saúde (OCS).


O encontro visava discutir, publicamente, os principais resultados da pesquisa, assim como apresentar os problemas que mais apoquentam o sector da saúde.  

A pesquisa abrangeu um total de 11 unidades sanitárias da Província e Cidade de Maputo, assim como da Província de Inhambane. O encontro envolveu diversificadas entidades do sector de saúde, nomeadamente, provedores públicos dos serviços de saúde, Comités de Co-Gestão e Humanização, assim como Organizações da Sociedade Civil.

Os participantes do encontro – que decorreu de forma presencial, assim como de maneira virtual – estiveram engajados na apresentação de ideias para a melhoria do sector público de saúde.

 “Temos visto o desconforto dos utentes nas unidades sanitárias, devido à ausência de água e condignas condições das infra-estruturas”, disse Camila Fanheiro, representante da organização que se denomina Saber Nascer.

Para Fanheiro, a publicação do relatório em alusão “é bastante importante porque pode ajudar na melhorar dos serviços das unidades sanitárias e, principalmente, nos serviços das maternidades… havendo acessibilidade de água, reduz-se as infecções em menores recém-nascidos. Ou seja, a água é bastante crucial para a saúde materna e infantil.”

Por sua vez, Ana Contranhar – em representação do Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIGAG) – defende a necessidade de se instalar um reservatório de água em cada unidade sanitária, para que haja melhor prestação de serviços condignos ao cidadão.      

“As unidades sanitárias deviam ter um tanque ou um reservatório para que nunca faltasse este líquido precioso”, disse Contranhar, adiantando que “deve haver um alinhamento entre o MISAU e as entidades responsáveis pelas águas. Deve haver vontade política. Devia existir leis que lidam com a responsabilidade social das empresas, ou seja, as empresas deviam ajudar na resolução de problemas básicos.”

Concordando com a representante do FIPAG, Isabel Lampeão – técnica superior de saúde pública – defendeu a necessidade “de se mobilizar as empresas para que possam responder à responsabilidade social. Ou seja, nota-se a ausência da responsabilidade social das empresas”.

“A questão de acessibilidade das unidades sanitárias não se deve restringir a um determinado grupo de pessoas”

Para Farida Gulamo, activista de Direitos Humanos e presidente da Associação dos Deficientes de Moçambique (ADEMO), a acessibilidade de infra-estruturas deve contemplar igualmente indivíduos especiais, não somente um determinado grupo de pessoas.   

“A questão de acessibilidade das unidades sanitárias não se deve restringir a um determinado grupo de pessoas. É necessário que haja inclusão social, deve-se ter em conta a criação de rampas para os deficientes, em todas as unidades sanitárias. Deve-se olhar também para a condição dos lavabos nas unidades, pois há cadeirantes que não conseguem aceder a estes pontos; deve-se olhar para os deficientes, estes constituem o grupo mais lesado”, lamenta Gulamo.

“Água é uma necessidade básica que já devia ter sido ultrapassada”

“Água é uma necessidade básica que já devia ter sido ultrapassada. Não mais devíamos discutir uma questão básica, que constitui um Direito Humano”, critica Lara Ferreira – que é médica de profissão – acrescentando que a burocracia das instituições públicas contribui significativamente para que careçam condições básicas nos hospitais.

Às vezes, as unidades só têm um médico para responder a diversos utentes

Para Rosa Nhantumbo, técnica de saúde geral, a disponibilidade das unidades sanitárias não deve ser vista apenas sob o ponto de vista infra-estrutural, há necessidade de se prestar atenção para a falta de profissionais de saúde em diversos hospitais públicos.      

 “Às vezes, as unidades só têm um médico para responder a diversos utentes. Ou seja, um médico (ou um técnico de saúde) não chega a conseguir responder às inquietações dos pacientes. Por isso, a acessibilidade fica minada –, há falta de pessoal médico.”

“Deve-se convidar, a estes encontros, os tomadores de decisão, para que realmente se melhore as condições das unidades sanitárias, desde a disponibilização da água, electricidade e infra-estruturas condignas”, disse Luciano Macumbe, representante da Associação Huxikamwe (expressão em changana, que significa: Estamos Juntos).

“Deve haver uma comunicação frequente entre os fornecedores de água e os provedores de saúde”

Tendo-se em conta a questão financeira, para a resolução do problema da Disponibilidade de Água e Infra-estruturas, Silva Mulambo – secretário executivo da Plataforma da Sociedade Civil para Saúde e Direitos Humanos (PLASOC) – sublinhou a urgência de se levar a cabo um debate a mais alto nível, convidando-se os principais representes do governo central (os decisores políticos). 

“Para esta questão, deve haver uma comunicação frequente entre os fornecedores de água e os provedores de saúde. Devia estar presente, neste encontro, o pessoal decisor”, rematou Mulambo.

O lançamento, que foi caracterizado por opiniões e posicionamentos distintos, contou com a participação de diversas entidades sociais, desde representes do governo, sociedade civil, Organizações Comunitárias de Base (OCB) e pessoas individuais.

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